sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Carta


As cartas são consideradas o meio de comunicação mais antigo do mundo. Não se sabe ao certo quando elas surgiram, mas os reis do antigo Oriente Médio já escreviam cartas. Por ser também um dos registros mais antigos, alguns estudiosos apontam, inclusive, que a carta é a mãe de todos os gêneros textuais, ao lado dos mitos e contos populares. Já no Egito, mais de 4 mil anos antes da Era Cristã, já existiam os sigmanacis, mensageiros que levavam recados escritos a pé ou montados em cavalos e camelos. Entre os livros que formam a Bíblia, estão publicadas 21 cartas, escritas por Paulo e outros seguidores de Cristo, direcionadas a povos como os romanos e os habitantes da cidade de Corinto, na Grécia Antiga.No Brasil, as cartas chegaram junto com os primeiros portugueses. Assim que a esquadra de Cabral aportou, Pero Vaz de Caminha enviou uma correspondência ao rei, comunicando o descobrimento das novas terras. O escrito foi levado a Portugal por um dos navios, que retornou dez dias depois. Em 25 de janeiro de 1663, o rei de Portugal nomeou João Cavalheiro Cardozo como “correio” — o responsável por enviar informações da Colônia. O primeiro serviço postal semelhante ao que conhecemos hoje, com pagamento de selos para o envio da correspondência, surgiu na Inglaterra em 1840. O Brasil foi o segundo país do mundo a utilizar o selo, em 1843.
Antigamente, a base das comunicações eram as cartas. Cartas de amor, cartas oficiais, cartas dramáticas. Depois, veio o telefone. Todo mundo se ligava, por mais cara (e pior) que fosse a ligação. Agora, com a evolução tecnológica, tudo se resolve através do computador.

Historia dos selos

Desde de idos tempos que o homem sentiu a necessidade de comunicar-se, porém a comunicação por sinais ou pela fala cedo se mostrou insuficiente quando o elemento espacial, isto é, a distância, se fazia presente. Com o advento da escrita surgiu a troca de documentos e a necessidade do seu transporte. As primeiras mensagens foram esculpidas em pedra passando, progressivamente, a serem inscritas em argila e em rolos de papiro. A mais antiga carta conhecida é de origem babilônica: trata-se de uma tabuleta de argila, em que uma dama, de nome Navirtum, escreveu, em letras cuneiformes, a outra dama chamada Husutiya, que só a visitaria na ausência do marido. A carta, do século XVIII a. C. está no Museu do Louvre. Destacam-se ainda as mensagens enviadas a Roma por Júlio César para serem lidas no fórum e que formam um texto conhecido como “De Bello Gallico”.
OS PRIMEIROS SERVIÇOS DO CORREIO
Desde a Idade Média, existiam ligações organizadas para a transmissão de cartas. A Igreja e as abadias tinham suas próprias ligações postais. Havia ainda o correio do exército. O comércio igualmente tinhas as suas próprias ligações. Logo apareceram as primeiras chancelas (sinetes) que autenticavam o documento e autorizavam o estafeta, em geral um militar, a transportá-lo, sendo este transporte de mensagens, privilégio exclusivo de Reis e Imperadores, serviço posteriormente também utilizados pelos nobres.
A partir do século XIII, a família Tasso obteve o direito de transportar cartas em sua região natal (Bérgamo, na Itália) e posteriormente esta concessão se estendeu a praticamente todo o Continente Europeu. Os Tassos se uniram à família Torres e tornaram-se uma organização com regularidade e confiabilidade em seus serviços e isto numa época de muita belicosidade e guerras generalizadas. Este serviço venceu até mesmo a concorrência de correios estatais. Foram eles, sem dúvida, os precursores dos correios em moldes profissionais e a organização durou assim, por vários séculos, na Europa.
No início do século XIX o Velho Continente sofreu grandes transformações, sobretudo a Inglaterra com o advento da revolução industrial. O desenvolvimento acelerado de muitas cidades, o êxodo rural, e o desenvolvimento das transações comerciais, incrementaram significativamente o volume de correspondência. O porte, neste momento, ainda era pago pelo destinatário. Tal prática trazia graves problemas, com grande evasão de receitas.
ROWLAND HILL E O PRIMEIRO SELO POSTAL
Em 1839, Sir Rowland Hill (1795 – 1879), teve a idéia de alterar este estado de coisas, obrigando o remetente a pagar a taxa de envio da carta. Como recibo, do pagamento, era fornecido um selo para ser colado na carta e inutilizado com a oposição de um carimbo indicando o lugar da expedição. Esta brilhante inovação, segundo contam alguns, foi-lhe inspirada por uma experiência pessoal quando certo dia fazia o seu passeio diário por uma estrada e de repente ouviu uma discussão.
Curioso, quedou-se atrás de uma árvore, para poder observar melhor a cena de onde provinha a contenda. Era um mensageiro do correio, tentando entregar uma carta a uma jovem camponesa, que se recusava peremptoriamente a assinar a recepção da correspondência, sem antes ver o envelope. Relutante, o mensageiro acabou por tirar a carta da bolsa, deixando a jovem observá-la, que olhou bem de um lado e de outro, revirando o envelope agilmente nas mãos. Passados alguns instantes, devolveu-a ao mensageiro, dizendo-lhe que não desejava receber a tal carta, deixando o carteiro deveras furioso.
Foi então, que Sir Rowland Hill resolveu intervir, perguntando à camponesa o porquê de sua recusa. Receosa, diante de um nobre tão bem trajado, a jovem mudou de tom e torcendo nervosamente as pontas do seu grande avental, começou por lamentar-se, dizendo que não tinha numerários suficientes para poder pagar a entrega da carta. Penalizado, o cavalheiro ofereceu-se para quitar-lhe a quantia, e assim por fim ao lamentável episódio. O carteiro, não mais se contendo exclamou: “Senhor! É sempre assim com esta gente. Olham e olham os envelopes e jamais aceitam as cartas. Volto todos os dias com sacola cheia, tal e qual como quando saí da agência na cidade.
O meu chefe já não agüenta mais devolver para Londres, todas as cartas que chegam nesta região e receber de volta as recriminações de seus superiores”. Sir Rowland Hill voltou-se para a jovem, e insistiu em pagar-lhe a carta que acabou por aceitar. Após entregar a moeda ao carteiro, que seguiu o seu caminho satisfeito, pediu à camponesa que lhe explicasse a verdade, escondida por trás de seu ato. Envergonhada, a jovem contou-lhe que não podia dispor do valor da tarifa cobrada pelo agente da cidade por ser muito pobre e que, através de certos sinais previamente convencionados e escritos na sobrecarta, ficara ciente de que o seu noivo, que estava longe, se encontrava bem e, portanto, não precisava ler o conteúdo da carta. Esta, na verdade, não passava de uma folha de papel em branco, sempre reaproveitada pelo noivo, para quem era devolvida a missiva. Disse ainda, que naquela região, tal prática era generalizada.
Esta nova e revolucionária idéia é aprovada pelo governo e a Inglaterra reforma, nesse mesmo ano, o seu serviço postal, que introduz o selo adesivo. Assim, vem a lume no dia 6 de Maio de 1840, o primeiro selo a circular no mundo, que apresentava a efígie da rainha Vitória, impresso sobre um fundo preto. Este primeiramente, ficou conhecido como “Penny Postage”, depois como “Penny Black”, devido a sua cor. Hill fez o esboço deste selo, sendo que um artista londrino de nome Henry Corbould (1815-1905), encarregou-se de desenhá-lo.
A IDÉIA GANHA O MUNDO
O êxito deste invento foi fantástico e fez com que rapidamente, tal como rastilho de pólvora, todos os países do mundo seguissem o exemplo britânico introduzindo o uso do selo, em seus territórios. Em 1843 os Cantões Suíços de Zurique e Genebra e o Brasil seguem os passos da Inglaterra. No Brasil o primeiro selo adesivo emitido durante o reinado de D. Pedro II, na reforma engendrada pelo Marquês de Sapucaí, foi o olho-de-boi, e foram impressos mais de 1.500.000 selos de 60 réis, quase 1.150.000 de 30 réis e cerca 350.000 de 90 réis. Uma polêmica marcou o nascimento desses selos.
Conta-se que a então direção dos Correios planejou agradar o jovem Imperador estampando nos selos a sua efígie a exemplo do selo inglês – o “Penny Black”. A Corte recusou a honraria por achar um desrespeito carimbar a imagem de D. Pedro II. Decidiu-se, então, simplesmente desenhar os algarismos indicativos do valor do selo, em fundo neutro, sobre linhas onduladas e entrelaçadas. Nesta breve narrativa histórica, um dos selos mais raro do mundo surge em 1847. Esta jóia foi impressa na antiga Guiné Britânica. Só existe um exemplar conhecido no mundo inteiro e este foi vendido em 1980 em um leilão em Nova Iorque, pela cifra de US$935,000!!!
Portugal adere ao novo sistema, no reinado de D. Maria II. Os primeiros selos portugueses são postos em circulação no dia 1 de Julho de 1853 com as taxas de 5 e de 25 reis, respectivamente castanho avermelhado e azul esverdeado. Durante o mesmo mês são emitidas as taxas de 50 e 100 reis, em verde e em lilás. À imagem e semelhança do que acontecia na época, também o selo lusitano adoptou a efígie real, neste caso, a de D. Maria II, desenhada pelo seu marido, D. Fernando, gravada em relevo sobre fundo branco e enquadrada numa moldura. O primeiro selo espanhol foi impresso em preto e reproduzia o busto da rainha Isabel II visto de perfil. O autor foi D. Bartolomé Corominas e seu valor facial era de 6 quartos.

OS PRIMEIROS CATÁLOGO E OS PRIMEIROS PERIÓDICOS FILATÉLICOS
O primeiro trabalho que enumerava todos os selos já emitidos no mundo, obra esta intitulada Catálogo de Selos Postais, foi publicado pelo francês Alfred Poliquet, em 1861. Em abril de 1862, foi editado o primeiro catálogo inglês, intitulado Prontuário dos Colecionadores de Selos Postais, obra de um jovem artista de Brighton, chamado Frederic Booty. A partir do mês de maio seguinte, seguiram edições mensais daquele prontuário, as quais se mantiveram até o final daquele ano.
Em 15 de dezembro de 1862 foi publicado o primeiro periódico inteiramente consagrado às emissões de selos postais, com edição mensal e cujo título era Stamp Collector’s Monthley Advertiser. A partir de fevereiro do ano seguinte surgiu uma segunda publicação periódica especializada. Ao mesmo tempo, a firma Moens, de Bruxelas, lançou o jornal Le Timbre-Poste. A partir de então, a literatura filatélica adquiriu notável desenvolvimento por todo o mundo.

OS PRIMEIROS SELOS TEMÁTICOS
Como tivemos a oportunidade de ver os primeiros selos traziam unicamente a efígie do chefe de estado, o brasão local ou muito simplesmente um número que indicava o valor do porte vigente. Embora com pouca diversidade de imagens, sobre estes primeiros selos nós já podemos pinçar motivos ou detalhes que hodiernamente podemos qualificar como temáticos. Vejamos alguns exemplos: – em 1843, o famoso “duplo de Genebra”, traz escrito a expressão: “Post tenebras lux” (= depois das trevas, a luz); – em 1845 temos a famoso selo “Pomba da Basiléia”, criado pelo arquiteto Melchior Berry, com uma apelação temática óbvia que dispensa maiores comentários; – em 1851, um castor é reproduzido sobre selos do Canadá e em 1854 um cisne, simbolizando o Rio Swan, foi retratado sobre os selos da Austrália Ocidental.
As primeiras séries reproduzindo imagens históricas ou geográficas dum determinado país ou região foram emitidos sobretudo por volta do fim do século XIX. Colacionamos em particular a série “Colombo” dos Estados Unidos emitida em 1893 e as séries emitidas em Portugal em 1895 e 1898, consagradas respectivamente a Santo Antônio e a Vasco da Gama. A primeira série comemorativa brasileira vem a lume em 01/01/1900, composta de 4 valores que celebravam o 4º Centenário do Descobrimento do Brasil, por Pedro Álvares Cabral.
A nosso ver encarar o selo não somente como um meio eficaz de comprovar o franqueamento postal, mas também encará-lo como um meio para se transportar uma imagem ou uma mensagem oficial foi algo igualmente genial. Para reforçar ainda mais esta idéia, além dos selos comemorativos postos em circulação as toneladas atualmente, as administrações postais, de tempos em tempos passaram a utilizar obliterações especiais visando mais do que uma simples anulação do selo. Atualmente a regra é a emissão de selos reproduzindo um assunto determinado (tema – imagem) e somente, por vezes em séries correntes, ainda se retratam imagens dos Chefes de Estado dos primeiros tempos ou as velhas cifras.
Assim os diversos países rivalizam-se entre si, pelo mundo afora, com o intuito de colocar no mercado filatélico o maior número de selos possíveis, feito por vezes em formas ou mídias deveras originais, para enaltecer os seus belos locais turísticos, a sua grandeza histórica, a sua opção política ou religiosa, e assim fazer uma propaganda significativa . Troyer, em forma de crítica lembra: “Não falemos dos países que emitem simplesmente selos porque tal lhes traz dividendos: há sempre colecionadores que estão prontos a comprar essas emissões. Assim Estados onde não há praticamente postos de correio, emitem muitos selos reproduzindo quadros de mestres flamengos e outros, ‘Sputiniques’ e ‘Apolos’.”
Não causa portanto qualquer espécie, face a imensidão de motivos impressos, que quase simultaneamente ao advento das primeiras emissões, os colecionadores tenham se sensibilizado imensamente pelos assuntos ou temas reproduzidos nos selos. Assuntos que chamava-os atenção em razão da sua profissão, do seus entretenimentos prediletos, das suas atividades culturais ou mesmo das suas convicções filosóficas ou políticas.
Na prática, pouco importa o assunto, os colecionadores sempre acabam encontrando selos correspondentes aos seus gostos. Neste momento, o colecionador não dá mais importância ao país ou à data de sua emissão; ele dispensa atenção à ilustração do selo. Ele trata unicamente de acumular material filatélico que reproduzam ou completam o assunto escolhido. Ele transforma-se naquilo que os alemães denominam de “Dokumentarische Motivsammlun”, entre nós a coleção por assunto.
Neste estágio o colecionador porém limitava-se a reunir os selos ou séries atinentes ao assunto escolhido, série por série, selo por selo, ano por ano, não sendo na prática senão uma coleção por países de tema único. Um estágio anterior da filatelia temática que conhecemos atualmente, ou melhor uma preparação para esta. Tal modalidade não mais existe. Num estágio seguinte a organização dos selos e demais materiais é alterada. Por exemplo, numa coleção sobre animais, os mesmos são reunidos agora segundo as ordens e as classes, correlações com o homem, … O país, bem como o ano de sua emissão passam a ser totalmente irrelevantes. A montagem é fruto da criatividade e estudo do colecionador.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Puc minas

A Era dos Répteis
Os répteis dominaram a Terra no Mesozóico, durante aproximadamente 150 milhões de anos. Esta exposição apresenta cinco exemplares de dinossauros sul-americanos, pterossauros (répteis voadores) e um grande crocodilo, descobertos no Brasil e em diferentes partes do mundo.
Peter W. Lund: Memórias de um Naturalista
Uma homenagem aos naturalistas que estudaram o nosso país, em especial Peter W. Lund, que fez grandes descobertas em Minas Gerais no século XIX. Um dos destaques da exposição é a Luzia, um dos mais antigos registros de humanos já encontrados nas Américas.
Cavernas: Espaços Subterrâneos de Vida
O visitante vivencia a experiência de percorrer o interior da réplica de uma caverna de origem calcárea, e conhece aspectos de sua formação, evolução, relações com a fauna e a vegetação, além de processos de fossilização.
O Cerrado
A exposição tem quatro módulos: o amanhecer, o dia, o crepúsculo e a noite, onde são apresentados animais e plantas dos diferentes ambientes do cerrado. É uma exposição de imersão, onde o visitante entra nos ambientes e faz suas descobertas de maneira interativa.
A Grande Extinção: 11 mil anos
Esta exposição apresenta um panorama da fauna brasileira do período Pleistoceno, por meio do acervo inédito de animais já extintos e espécies atuais que também viveram neste período. Estão expostos esqueletos completos de fósseis como preguiças-gigantes, tatu gigante, mastodonte, toxodonte, tigre-dentes-de-sabre, macaco Protopithecus, bem como espécies atuais de tatus e tamanduás.
Fauna Exótica
Os animais que não ocorrem no Brasil são o tema dessa exposição, como por exemplo, elefantes (africano e asiático), rinoceronte e antílopes.
Vida na Água
O tema dessa exposição é a diversidade da fauna do meio aquático. Ela mostra desde as formas mais primitivas, como os invertebrados, até os seres mais complexos, como as baleias e golfinhos. A exposição traz ainda uma coleção de conchas de moluscos – cerca de 1.000 exemplares de todos os tamanhos, formas e cores, e de diversas partes do mundo.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Analase do blog

O blog foi uma maneira divertida de melhorar a aprendisagem e de aprendrer  mais sobre as coisas

# legal de mais 
10/10/2014 09h29 - Atualizado em 10/10/2014 10h11

Saiba quem é Malala Yousafzai, a paquistanesa que desafiou os talibãs

Ela foi baleada na cabeça aos 15 anos por defender a educação feminina.
Aos 17 anos, é a mais jovem ganhadora do prêmio Nobel.


Malala em foto de 27 de setembro de 2013 (Foto: Jessica Rinaldi/AP)
Malala aos 17 anos, ganhadora do Nobel da Paz de 2014 junto com o indiano Kailash Satyarthi, não conquistou sua notoriedade de maneira fácil. A jovem se tornou conhecida ao mundo após ser baleada na cabeça por talibãs ao sair da escola, quando tinhas 15 anos.
O ataque aconteceu no dia 9 de outubro de 2012. Malala seguia em um ônibus escolar. Seu crime foi se destacar entre as mulheres e lutar pela educação das meninas e adolescentes no Paquistão– um país dominado pelos talibãs, que são contrários à educação feminina.
No Vale de Swat, no noroeste do país profundamente conservador, onde muitas vezes se espera que as mulheres fiquem em casa para cozinhar e criar os filhos, as autoridades afirmam que apenas metade das meninas frequentam a escola - embora este número fosse ainda menor, de 34%, segundo dados de 2011.
Malala cresceu e nasceu nesse contexto. No início de sua infância, a situação ainda era melhor, com a educação das meninas sendo realizada sem muito questionamento. Nos anos 2000, entretanto, a influência do talibã se tornou cada vez maior, até que o grupo dominou a região, em 2007.
Em 2008, o líder talibã local emitiu uma determinação exigindo que todas as escolas interrompessem as aulas dadas às meninas por um mês. Na época, ela tinha 11 anos. Seu pai, que era dono da escola onde ela estudava, e sempre incentivou sua educação, pediu ajuda aos militares locais para permanecer dando aulas às meninas. Entretanto, a situação era tensa. 
Naquela época, um jornalista local da BBC perguntou ao pai de Malala se alguns jovens estariam dispostos a falar sobre sua visão do problema. Foi quando a menina começou a escrever um blog, "Diário de uma Estudante Paquistanesa", no qual falava sobre sua paixão pelos estudos e as dificuldades enfrentadas no Paquistão sob domínio do talibã.
O blog era escrito sob um pseudônimo, mas logo se tornou conhecido. E Malala não tinha receios em falar em público sobre sua defesa da educação feminina.
Os posts para a BBC duraram apenas alguns meses, mas deram notoriedade à menina. Ela deu entrevistas a diversos canais de TV e jornais, participou de um documentário e foi indicada ao Prêmio Internacional da Paz da Infância em 2011. Na época, ela não ganhou – mas foi laureada com o mesmo prêmio em 2013.
Funcionário de uma livraria de Islamabad exibe cópias da autobiografia da ativista paquistanesa Malala Yousafzai (Foto: Aamir Qureshi/ AFP)Funcionário de uma livraria de Islamabad exibe
cópias da autobiografia da ativista paquistanesa
Malala Yousafzai (Foto: Aamir Qureshi/ AFP)
A família de Malala sabia dos riscos – mas eles imaginavam que caso houvesse um ataque, o alvo seria o pai da menina, Ziauddin Yousafzai, um ativista educacional conhecido na região.
Quando houve o ataque, a situação já estava mais calma – os talibãs já haviam perdido o controle do Vale do Swat para o exército, em 2009. Por isso, o tiro levado pela menina foi ainda mais chocante.
No dia 9 de outubro, Malala deixou sua escola e seguiu para o ônibus que a levava para casa. Posteriormente, ela contou ter achado estranho o fato de as ruas estarem vazias. Pouco depois, dois jovens subiram no ônibus, perguntaram por ela e dispararam. Além de Malala, outras duas meninas também foram baleadas.
A menina foi socorrida e levada de helicóptero para o hospital militar de Peshawar. Relatos da época apontam que Malala ainda ficou consciente, apesar do tiro ter atingido sua cabeça, mas que se mostrava confusa.
Sua condição piorou, e ela precisou passar por uma cirurgia. O caso passou a ser acompanhado por todo o mundo, e o próprio governo do Paquistão passou a ter mais atenção. Um grupo de médicos britânicos que estava no país foi convidado para avaliar a situação de Malala, e sugeriram que a menina fosse transferida para Birmingham, onde receberia tratamento e teria mais chances de se recuperar.
A chegada de Malala ao Reino Unido aconteceu seis dias após o ataque. Ela foi mantida em coma induzido, e quando despertou, dez dias depois, logo demonstrou estar consciente, procurando questionar onde estava e o que havia ocorrido, mesmo estando entubada e não podendo falar.
A jovem paquistanesa Malala Yousufzai em foto divulgada nesta sexta-feira (19) pelo hospital Queen Elizabeth, em Birmingham (Foto: AFP)A jovem paquistanesa Malala Yousufzai em foto tiranda quando ainda estava internada no hospital Queen Elizabeth, em Birmingham (Foto: AFP)
A jovem ainda passou por uma segunda cirurgia, e sua recuperação foi surpreendente, segundo os médicos. Havia riscos de sequelas cognitivas e problemas na fala e no raciocínio, mas Malala escapou do ocorrido sem problemas.
A jovem teve alta apenas em janeiro, e continuou o tratamento na Inglaterra, onde passou a viver com sua família. Atualmente, ela frequenta uma escola na cidade de Birmingham.
Embora Malala tenha recebido muito apoio e elogios ao redor do mundo – incluindo diversas manifestações contra o ataque, no Paquistão a resposta para a sua ascensão ao estrelato foi mais cética, com alguns acusando-a de agir como um fantoche do Ocidente. Mesmo estando na Inglaterra, ela continuou a receber diversas ameaças dos talibãs.
O governo do Paquistão chegou a identificar alguns dos talibãs que teriam participado do ataque, mas ninguém permaneceu preso.
Diálogo
Em entrevista à BBC, Malala disse que "a melhor maneira de superar os problemas e lutar contra a guerra é através do diálogo. Esse não é um assunto meu, esse é o trabalho do governo (...) e esse é também o trabalho dos EUA".
A jovem considerou importante que os talibãs expressem seus desejos, mas insistiu que "devem fazer o que querem através do diálogo. Matar, torturar e castigar gente vai contra o Islã. Estão utilizando mal o nome do Islã".
Em sua entrevista à "BBC", Malala também assegura que ela gostaria voltar algum dia ao Paquistão para entrar na política.
Imagem reproduzida de vídeo mostra Malala Yousafzai discursando em uma mensagem para o primeiro auxílio do Fundo Malala na quinta-feira (4) (Foto: AFP PHOTO / MALALA FUND)Imagem reproduzida de vídeo mostra Malala
Yousafzai discursando em uma mensagem para
o primeiro auxílio do Fundo Malala (Foto: AFP)
"Vou ser política no futuro. Quero mudar o futuro do meu país e quero que a educação seja obrigatória", disse a jovem.
"Para mim, o melhor modo de lutar contra o terrorismo e o extremismo é fazer uma coisa simples: educar a próxima geração", insistiu. "Acredito que alcançarei este objetivo porque Alá está comigo, Deus está comigo e salvou a minha vida".
"Eu espero que chegue o dia em que o povo do Paquistão seja livre, tenha seus direitos, paz e que todas as meninas e crianças vão à escola", ressaltou a menor, se expressando com eloquência e muita segurança cada vez que fala da situação em seu país.
Malala admitiu que a Inglaterra causou em sua família uma grande impressão, "especialmente em minha mãe, porque nunca havíamos visto mulheres tão livres, vão a qualquer mercado, sozinhas e sem homens, sem os irmãos ou os pais".
Após a entrevista, os talibãs paquistaneses acusaram Malala de não "ter coragem" e prometeram que vão atacá-la novamente se tiverem uma chance. "Nós atacamos Malala porque ela falava contra os talibãs e o Islã e não porque ela ia à escola", explicou Shahid, referindo-se ao blog que Malala escrevia na "BBC" e que lhe valeu reconhecimento internacional.
Luta pública
Seu primeiro pronunciamento público ocorreu nove meses após o ataque, quando fez um discurso na Assembleia de Jovens da ONU. Na ocasião, ela reforçou que não será silenciada por ameaças terroristas. "Eles pensaram que a bala iria nos silenciar, mas eles falharam", disse em um discurso no qual pediu mais esforços globais para permitir que as crianças tenham acesso a escolas. "Nossos livros e nossos lápis são nossas melhores armas", disse ela na oportunidade. "A educação é a única solução, a educação em primeiro lugar".
"Os terroristas pensaram que eles mudariam meus objetivos e interromperiam minhas ambições, mas nada mudou na vida, com exceção disto: fraqueza, medo e falta de esperança morreram. Força, coragem e fervor nasceram", completou.
A adolescente Malala Yousafzai discursa na ONU nesta sexta-feira (12) (Foto: AFP)A adolescente Malala Yousafzai discursa na ONU (Foto: AFP)

Após o discurso, um alto comandante do talibã paquistanês escreveu uma carta a Malala acusando-a de manchar a imagem de seu grupo e convocando-a a retornar para casa e a estudar em uma madrassa.  Adnan Rasheed, um ex-membro da força aérea que entrou para os quadros do TTP, disse que gostaria que o ataque não tivesse ocorrido, mas acusou Malala de executar uma campanha para manchar a imagem dos militantes.
"É incrível que você esteja gritando a favor da educação; você e a ONU fingem que você foi baleada por causa da educação, mas esta não é a razão... não é pela educação, mas sua propaganda é a questão", escreveu Rasheed. "O que você está fazendo agora é usar a língua para acatar ordens dos outros."
Na carta, Rasheed também acusou Malala de tentar promover um sistema educacional iniciado pelos colonizadores britânicos para produzir "asiáticos no sangue, mas ingleses por gosto", e disse que os alunos devem estudar o Islã, e não o que chama de "currículo secular ou satânico".
"Aconselho você a voltar para casa, a adotar a cultura islâmica e pashtun, a participar de qualquer madrassa islâmica feminina perto de sua cidade natal, a estudar e aprender com o livro de Alá, a usar sua caneta para o Islã e a se comprometer com a comunidade muçulmana", escreveu Rasheed.